quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

RETRATOS DA VIDA TRANS

O premiado documentário Retratos, dos ex-alunos de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco Léo Tabosa e Rafael Negrão foi o principal destaque na mostra de curtas no Mix Pub, na ocasião do Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado anualmente no dia 29 de Janeiro. Instituída em 2004 pelo Congresso Nacional através do Ministério da Saúde, a data tem o objetivo de ressaltar a importância da diversidade e respeito, principalmente para o Movimento Trans, representado pelos travestis, transexuais e transgêneros.

Retratos, conta a história de 06 travestis que desempenham diferentes atividades profissionais não relacionadas à prostituição e que defendem seus direitos de cidadãs. O vídeo mostra como a vida de cada um deles pode ser tão comum quanto à de qualquer outra pessoa. Eu para falar a verdade não conhecia este documentário e fiquei surpreso ao ver que três delas são conhecidas de longa datas... Horama Falcão mora bem perto da minha casa no Bairro do Pina, onde tem um montadíssimo salão de beleza anexo a uma academia de ginástica, a Manuela que junto com mais dois sócios administram uma determinada sauna masculina na Boa Vista e a Elaine que é técnica em enfermagem. O objetivo do curta ao meu ver conseguiu desmitificar o preconceito que muitas vezes impossibilita a cidadania das travestis.

O outro vídeo da mostra foi Amanda e Monik. Dois travestis que vivem realidades diferentes. Amanda é professora de história. Com olhar confiante, conquistou o respeito dos alunos. A base dessa auto-afirmação está no pai, que sempre deu apoio irrestrito. Monick aparenta ter uma realidade familiar diferente. Assumida desde os 17 anos, trabalha como prostituta em Santa Cruz do Capibaribe (Pernambuco). É na sala de aula que a trajetória de professor e aluno se cruzam. Por detalhes de criação e convivência social, histórias parecidas podem tomar rumos diferentes. Infelizmente muitos se mutilam e tentam se matar por não suportarem a incompreensão dos outros e o sofrimento por não poderem ser quem na verdade são.

Confira o trailer do documentário Retratos.



Há algo para se comemorar este ano??? Sim, a inclusão do nome social em documentos escolares e universitários, o reconhecimento do direito a uma identidade feminina nos registros oficiais. As transexuais conseguiram que a operação de mudança de sexo entrasse para o Sistema Único de Saúde. A criação de uma lei Municipal de nº 16.780/2002 que proíbe qualquer forma de discriminação ao cidadão com base em sua orientação sexual. Entende-se por orientação sexual a liberdade do cidadão de expressar abertamente seus afetos. Discriminação é qualquer ato ou omissão que caracterize constrangimento, proibição de ingresso ou permanência, exposição à situação vexatória, tratamento diferenciado, cobrança de valores adicionais... O descumprimento desta lei sujeitará o infrator a multa e cassação do alvará ou autorização de funcionamento.

Obviamente, há preocupações e muitos problemas ainda, mas há de se comemorar. Segundo o Grupo Gay da Bahia, estima-se que devam existir no Brasil por volta de 50 mil travestis e duas mil transexuais, 90% vivendo como profissionais do sexo.

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