terça-feira, 22 de novembro de 2011

TRANShomem PERNAMBUCANO

Leonardo Tenório nasceu mulher e se descobriu transexual masculino no fim da adolescência

Ele não se encaixa dentro do próprio corpo. É como se estivesse no lugar errado. Vive em eterna crise por medo de morrer ainda como mulher. A inquietação e a mágoa completam a sua realidade. Todo esse sofrimento faz parte da vida de Leonardo Tenório há pelo menos três anos. O jovem pernambucano de 21 anos, morador da parte recifense do bairro de Peixinhos, é um transhomem. "Até então eu nem sabia que existia isso, mas depois de completar 18 anos, pesquisando sobre o assunto descobri que era mesmo um transexual masculino", fala.

Leo, como prefere ser chamado, foi convidado e estará nesta próxima QUINTA 24/11 na inauguração do mais novo espaço voltado as IDENTIDADES DE GÊNEROS, o MIX PUB, uma casa que promete inovar e ao mesmo tempo democratizar o que antes era apenas um PUB voltado para a comunidade ursina... Para conhecer um pouquinho mais de Leo e seus amigos transexuais masculinos, a QUINTA LILÁS é a grande pedida com shows de Drag King, musica eletrônica e ao vivo e uma galera que resolveu dar um SALVE e sair definitivamente do armário mostrando a FACE para uma sociedade fria e julgadora possa ver como realmente são, meninos!!! O ANTENA MIX já conhece a história de vida de Leonardo e posso garantir que serve de exemplo para muitos que sofrem com a condição de ter um homem preso no corpo de uma mulher. "Essa incongruência recebe o nome de Transtorno de Identidade de Gênero; viver esse estado é fonte de sofrimento crônico”, era o que já afirmavam os primeiros estudos sobre a questão, promovidos de forma pioneira pelo pesquisador alemão Harry Benjamin em 1966.

Leo, que se encaixa na condição de um transexual FTM ("Female to Male": espécie de apelido usado em todo o mundo), é considerado como tal mesmo sem ainda ter realizado a cirurgia de reatribuição sexual, termo correto para a popular: “cirurgia de mudança de sexo”. Essa transição anatômica de mulher-para-homem é o que o jovem mais quer na vida. "Eu sei que quase ninguém vai entender, é complicado, mas para viver, eu preciso me distanciar do meu corpo, que ainda é uma parte de mim. Isso não é fácil", diz o jovem. De acordo com ele, no Norte/Nordeste não é possível ter acesso à cirurgia transgenital (outro nome para "mudança de sexo") pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Pernambuco, há a possibilidade através do Hospital das Clínicas da UFPE. Além da batalha pelo atendimento médico, Leo ainda tem que transpor o preconceito social e familiar.

Atualmente mora na casa dos avós sozinho. Para Leo é um tormento ter que assinar a ata de presença com o seu nome de registro no curso profissionalizante em Webdesign que faz atualmente. “Também é um tormento o ponto eletrônico no trabalho, que emite o meu nome de registro no display, eu sempre tenho que ficar na frente e tampar com a mão para as pessoas não verem”, fala o hoje funcionário de recepção da Coordenação de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado. Por isso ele lembra da importância que de se poder criar um nome social, para quem ainda não mudou a documentação. Mas mesmo ainda um pouco acuado, Leo não para. Trabalha, estuda e se aproxima dos movimentos sociais. Fundador da Aliança LGBT de Pernambuco, e membro ativo dos Coletivos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais Socialista, do LGBT do PCdoB e recém eleito delegado da 2ª Conferência Municipal da Livre Orientação Sexual do Recife.

Fonte de pesquisa: Davi Lira - Especial para o NE10. Fotos gentilmente cedidas por Leonardo Tenório.

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