Veja como seus avôs
falavam quando eram marotinhos gays de Nárnia (dentro do armário). Como em toda
cultura, os homossexuais masculinos inventam o seu próprio e pequeno
dicionário. Através dele se identificam, se comunicam, constroem amizades,
solidariedades, buscando sobreviver a um entorno geralmente hostil. Whitaker
reuniu, em 1938, parte dessa gíria, seguem alguns fragmentos: Homem rico: micha. Rapaz
moço sem dinheiro: bofe. Pederasta passivo: bicha. Pederasta passivo que leva
boa vida: bicha sucesso. Quando estão com raiva, vão brigar, dizem: vou dar
baile. Ser identificado pela polícia: tirar o scratch. Copular: fazer micha. Pederasta
novo: frango. Mictório: bangalô. Quarto: chatô. Dinheiro: gaita. Salão de
baile: lugar para sucesso.
Pênis: rédea. Passar a mão no pênis de um indivíduo:
fazer crochê. Soldado: chafra. Pederasta com certos recursos monetários: bicha
bacana. Alguns anos depois,
outro estudo, "Homossexualismo Masculino", de Jorge Jaime, cuja segunda edição é
de 1953, relaciona a homossexualidade diretamente ao crime e apresenta uma
parte precisamente intitulada “A gíria homossexual e o crime”. Seguem alguns
fragmentos:
Fazer tricot, fazer
crochet, tricotar: masturbar homens em cinema ou lugares de grande aglomeração.
Meicar: furtar pequenos objetos em lojas comerciais. Suar: furtar relógios,
jóias ou dinheiro dos homens que com eles copulam. Às vezes esses crimes
eram praticados por dois pederastas ao mesmo tempo: enquanto um ia para rua
caçar a vítima, o outro ficava escondido dentro do armário. Já no quarto, agem
de comum acordo.
O primeiro despia o incauto colocando as suas roupas
penduradas nas costas de uma cadeira. Fecha as luzes. Durante o coito, o
segundo, saindo do seu esconderijo, conseguia facilmente apropriar-se dos
valores do ativo. Dividindo depois o produto do furto. Seguem alguns
fragmentos:
Fugir da titia
Cleides: esconder-se dos carros policiais da radiopatrulha. Fazer michê:
deixar-se sustentar por pederastas ativos. Babalu: pederasta ativo que se
entrega às práticas homossexuais mediante retribuição monetária. Já em agosto de 1977,
a revista Veja, numa ampla matéria intitulada “Um gay power à brasileira”,
incluía no final um boxe com a gíria em circulação no período, seguem alguns
fragmentos: Arrematar um modelito:
travar relações com um garoto.
Assumido: não faz segredo de sua homossexualidade. Assumir: postura psicológica e social de quem é “assumido”. Boy:
garoto que mantém relações com homossexuais. Clube: boate ou bar
freqüentados por homossexuais; ponto de encontro gay. Dar bandeira: deixar
claro que é homossexual. Elo: pronome
(variação de “ele” e “ela”) para designar travesti. Enrustido: aquele que
esconde ou oculta sua condição de homossexual. Entendido: homossexual. Fazer
uma calçada: fazer programa. Mala: órgão sexual masculino. Maricona: homossexual
de idade avançada. Michê: prostituto. Modelito: garoto boy. Pão com ovo: homossexual
pobre. Senhor: lésbica. Vapores: sauna para homossexuais. Viajar: manter
relações sexuais.
E nos dias de hoje um divertidíssimo
quadro do programa "COMÉDIA MTV" colocou a galera antenada no dialeto
contemporâneo. Nele o professor de "Bichês" (Marcelo Adnet) explica
para seus alunos os significados das palavras do dicionário gay. É um quadro
hilário!!!
Vale um PLAY!!!
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